Religiosas acusam o GDF de descaso com famílias carentes afetadas pelo coronavírus

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“É o governo da mentira”, diz líder religiosa do Sol Nascente ao denunciar a falta de apoio às famílias que tiveram parentes mortos pela covid – 19

A abertura da sétima reunião da comissão especial que acompanha as ações de enfrentamento à covid no âmbito do Distrito Federal, por parte do governo local, realizada nesta segunda-feira (24), ficou marcada pelo triste depoimento da irmã Marly Conceição Quermes, líder religiosa e moradora da Região Administrativa do Sol Nascente/Pôr do Sol, que está à frente de uma das entidades que atuam no apoio às famílias que perderam parentes, vítimas do coronavírus. Marly relatou que tem recebido o pedido de urnas funerárias para que as famílias possam sepultar seus entes queridos.

A também líder religiosa, Sueli Bellato, coordenadora da Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB/regional Brasília, confirmou as informações de Marly e afirmou que os profissionais de saúde da rede pública do DF não são culpados já que “estão lutando com as condições que eles têm”. Sueli explicou que a CRB vem ajudando as famílias do Sol Nascente/Pôr do Sol desde março entregando cestas básicas e, em maio, a irmã Marly foi surpreendida com o pedido para que se substituísse a doação de alimentos pela doação de caixões.

“Irmã, pode me tirar da lista onde estamos escritos para receber cestas básicas. Nós queremos receber urnas funerárias. Nós não temos recursos para comprar urnas para nossos familiares,” expôs Sueli Bellato confessando que ficou chocada diante do pedido até então inusitado.

Marly Quermes disse aos integrantes da comissão que esse tipo de situação se tornou rotina na RA do Sol Nascente/Pôr do Sol. “Ainda tem o pessoal pressionando as famílias para retirar os corpos o mais rápido possível. Sempre teve descaso por aqui, mas esse é o governo da mentira mesmo. A cada momento (o governo) vai na TV e diz que tem vagas (leitos de UTI), isso e aquilo outro. Aqui, nós conseguimos as vagas quando o óbito chega”, lamentou a líder religiosa.

HOSPITAL DE CAMPANHA DA PMDF

Além dos depoimentos das líderes religiosas, a presidente do Conselho de Saúde do Distrito Federal, Jeovânia Rodrigues, revelou que o Hospital de Campanha instalado no Centro Médico da Polícia Militar do DF, não está cumprindo o protocolo dos informes aos familiares. “Por questão de segurança, os boletins diários de cada paciente devem ser feitos por telefone e o Hospital de Campanha da PMDF não tem repassado as informações para os familiares dos pacientes que estão internados lá”, apontou Jeovânia.

METODOLOGIA QUESTIONADA NO STF

 O deputado distrital, Leandro Grass (Rede Sustentabilidade), falou da ação judicial movida pelo seu partido contra a mudança na metodologia de contagem de óbitos adotada pelo GDF na semana passada. “O secretário de Saúde (Francisco Araújo) afirmou que não vai seguir a metodologia adotada pelo Ministério da Saúde”, revelou o distrital. Ele ainda disse que essa mudança serve para que “o GDF possa maquiar os números”.

O deputado informou ainda que a Câmara Legislativa vem tentando ouvir o gestor da pasta da Saúde, mas o governo Ibaneis tem se movimentado para evitar a ida de Francisco Araújo até a casa. Segundo Grass, amanhã (25) os distritais vão tentar aprovar um requerimento obrigando o secretário de Saúde a ir na CLDF dar explicações sobre a atuação do governo no combate à covid no DF.

REPASSE DE RECURSOS

O coordenador da comissão especial, senador Izalci Lucas (PSDB) lembrou que o GDF recebeu muitos recursos nesse período de pandemia. “Nunca se repassou tanto dinheiro para o GDF como agora. Não justifica estar na situação que está hoje”, disse o parlamentar. Izalci falou que o Tribunal de Contas da União (TCU) vai cobrar do governo Ibaneis mais explicações quanto aos recursos que foram repassados pelo governo federal e pela bancada do DF. “Temos que saber por onde anda esse dinheiro”, afirmou Izalci.

A relatora da comissão, deputada Paula Belmonte (Cidadania), reclamou a falta de compromisso do GDF para ceder informações. “É lamentável o GDF negar informação para esta comissão”, criticou.

VISITA IN LOCO

No final da reunião, os integrantes acordaram que vão realizar inspeções “in loco” em algumas unidades de saúde do DF. “A ideia é ir sem avisar”, apontou Izalci Lucas.

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