Izalci pede mais transparência ao GDF sobre gastos com a pandemia
Secretário de Economia, André Clemente, disse que a culpa era do modelo de gestão pública do Brasil
A Comissão Especial da Covid DF enfim conseguiu ouvir as explicações do secretário de Economia, André Clemente, nesta segunda-feira (26), sobre os recursos repassados pelo governo do DF para o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF). O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, mais uma vez não compareceu à reunião da comissão como havia prometido.
O coordenador da comissão, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), questionou André Clemente sobre a falta de transparência e de interesse do GDF em querer prestar contas dos recursos encaminhados pela bancada do DF para combater a pandemia na capital federal.
“A gente vem pedindo há muito tempo transparência sobre as nossas emendas. Destinamos emendas de bancada e se quer tivermos uma prestação de contas disso. Sem contar os outros recursos que nós passamos para o DF como estado e município exatamente para ajudar com a pandemia, que são R$ 640 milhões como auxílio de estado e R$ 190 milhões como auxílio de município. Então, a gente percebe que na saúde não temos essas informações”, declarou Izalci.
O parlamentar relatou ainda ao secretário que “nós estamos com problemas de UTIs, de insumos, tem gente sendo intubada com falta de medicamentos. A gente precisa de mais transparência”. “Queria saber de você como está essa situação (de dinheiro) porque o Fundo da Saúde quando o dinheiro chega, ele vai para a economia. Como que está isso? Como é feito esse controle?”, indagou o senador.
CULPA DO MODELO DE GESTÃO E DA SEGUNDA ONDA
André Clemente culpou o modelo de gestão pública de todo o país. Segundo ele, a pandemia fez com que o governo conseguisse avançar em relação à administração de recursos. No entanto, não esclareceu como esse processo ocorre no GDF. O secretário tentou defender a atuação do governo no decorrer da pandemia insinuando que a culpa foi da segunda onda da doença.
“Isso (a segunda onda) aconteceu no mundo todo. Obviamente, que exigiu de nós um esforço adicional”, argumentou o secretário do governo Ibaneis alegando que o GDF ainda estava se adaptando a essa nova realidade.
HOSPITAIS DE CAMPANHA
Izalci aproveitou a presença de André Clemente na reunião e perguntou se os leitos dos três hospitais de campanha que estão sendo erguidos pelo GDF seriam de UTI, UCI ou de enfermaria. O senador citou o caso do hospital temporário que funcionou no Mané Garrinha.
“Os servidores da saúde informaram nesta comissão que foram contratados 197 leitos de UTI, inclusive para efeito de registro do Ministério da Saúde, que na prática foram pagos como UCI e no final foram instalados leitos de enfermaria. Parece que esse procedimento está se repetindo agora. Há um certo descontrole na área da saúde e queremos saber o que está acontecendo”, ressaltou o parlamentar.
André Clemente explicou que essa parte não estava sob sua alçada e respondeu que estava na reunião na condição de secretário de Economia e não como representante do governo. “O secretário Osnei é quem tem que ser chamado e encontrado para que possa explicar”, se esquivou o gestor das finanças do GDF.
O senador rebateu as explicações de André. “Você tem razão. O Osnei não compareceu e quando compareceu saiu sem responder as perguntas. Toda vez que se fala em recursos, mesmo da Saúde, o argumento é que quem trata disso é a Secretaria de Economia, quer dizer, joga na tua responsabilidade”, salientou Izalci Lucas.
ROMBO NO IGES-DF
Ainda durante a reunião, o presidente do Iges-DF, Gilberto Occhi, confirmou ao lado de André Clemente que o GDF deve quase R$ 250 milhões para o instituto. Occhi explicou que o gasto mensal do Iges-DF está em torno de R$ 107 milhões, mas que o GDF repassa apenas R$ 83 milhões o que pode vir a aumentar ainda mais o rombo milionário na saúde pública do DF.