Maior parte das vacinas contra a Covid-19 só estará disponível a partir do meio do ano

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A previsão dada por representantes da Fiocruz e laboratórios, em audiência no Senado é que o cronograma de entrega de vacinas não deve ser adiantado

A informação foi dada pelos participantes em sessão temática realizada para debater o fornecimento de vacinas no Brasil, nesta terça-feira (23), e causou preocupação entre os parlamentares. A previsão do governo federal é de receber cerca de 500 milhões de doses de vacinas produzidas por diversos laboratórios, que devem chegar para os brasileiros a partir de junho/julho.

Por causa dessa demora e em razão do cada vez mais alto número de mortes no Brasil, os senadores aprovaram uma moção de apelo à comunidade internacional para que o país possa comprar mais vacinas. Apresentada pela senadora Katia Abreu (PP/TO), a medida é um pedido de socorro para países como Estados Unidos e outros onde houver excedente de doses.  O documento será encaminhado aos governos dos países do G-20, à Organização das Nações Unidas, à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e ao Parlamento Europeu.

Os representantes da Fiocruz e laboratórios falaram sobre os cronogramas para entrega de vacinas e destacaram as expectativas e desafios que estão enfrentando. Eles afirmaram que estão trabalhando 24 horas por dia para cumprir o cronograma de produção das vacinas e destacaram que enfrentam situações inéditas sob o ponto de vista científico, financeiro e logístico.

Nesse sentido, o diretor da Bio- Manguinhos – Fiocruz, Mauricio Zuma, explicou que a produção de imunobiológicos é uma das mais complexas que existem, uma vez que dependem de questões tecnológicas e regulatórias e que os cronogramas apresentados são os possíveis de cumprir. A Fiocruz é responsável pela produção da vacina Oxford.

“Nosso pessoal está trabalhando em tempo integral, todos os dias da semanas, mesmo com perdas de pessoal em pontos importantes da produção e estamos nos dedicando totalmente para acelerar a produção de vacinas, mas dependemos de fatores técnicos”, disse.

Pandemias x tecnologia

Ao salientar as dificuldades impostas pela pandemia, o senador Izalci Lucas perguntou ao representante da Bio-Manguinhos se o laboratório tinha estratégias definidas para pandemias futuras e se havia perspectiva de transferência de tecnologia para os laboratórios nacionais e de cooperação com instituições brasileiras.

Mauricio Zuma destacou que a transferência de tecnologia é a estratégia mais importante para enfrentar futuras pandemias e dar respostas em tempo mais rápido, disponibilizando vacinas para a população.

O Diretor médico da União Química, Miguel Giudicissi, explicou que, no caso da vacina Sputinik, já houve transferência de tecnologia para nosso laboratório.

“Nossos técnicos estiveram na Rússia e eles vieram para o Brasil e hoje temos conhecimento para produzir a vacina”, informou.

Giudicissi também afirmou que a estratégia é essencial para o enfrentamento de futuras pandemias e que essa questão se baseia no acesso à biotecnologia e na prevenção.

Flexibilização

O senador Izalci Lucas informou ainda que vai apresentar, na próxima sessão do plenário, proposta para flexibilizar a regra para a compra de vacinas por pessoas jurídicas, prevista em lei recém-sancionada, que autoriza estados, municípios, o DF e pessoas jurídicas a comprarem vacinas, originária de iniciativa do presidente do senador, Rodrigo Pacheco (DEM/MG).

“É um projeto muito bom, mas nós precisamos, de fato, permitir que a iniciativa privada possa adquirir as vacinas, doar 50%, como está previsto, mas não esperar esse tempo estabelecido. Precisamos flexibilizar para liberar de imediato, porque cada pessoa vacinada tira o ônus do Estado, do Sistema Único”, avaliou o senador.

Luz no fim do túnel

Outro assunto destacado por Izalci Lucas em plenário foi a reunião que participou com representantes da vacina americana Covaxx – produzida em parceria com Taiwan. Segundo o senador, eles informaram que há previsão de produzirem 70 milhões de vacinas que poderiam ser disponibilizadas em 40 dias.

“Já há um processo tramitando na Anvisa como definitivo. Então, acho que é uma luz no fim do túnel  e eu espero que a gente possa agilizar essas questões da vacina. Realmente, a prioridade é a vacina, não há outra saída que não seja essa”, disse o senador.

Veja a previsão fornecida pelos laboratórios e pela Fiocruz

Oxford/AstraZeneca – Produzida no Brasil pela Fiocruz e com registro para uso permanente no Brasil. Ainda depende de insumos importados. Previsão de entrega de 97,8 milhões de doses até julho e outras 110 milhões no segundo semestre.

Pfizer – Produzida pelo laboratório Pfizer e com registro para uso permanente no Brasil. Sem previsão de produção nacional. Contrato assinado para entrega de 100 milhões de doses em 2021, previstas para o segundo semestre.

Janssen – Produzida pelo laboratório Janssen, ainda sem registro no Brasil. Sem previsão de produção nacional. Contrato assinado para entrega de 38 milhões de doses em 2021, previstas para o segundo semestre.

Sputnik V – Produzida no Brasil pela empresa União Química. Ainda depende de insumos importados. Registro solicitado à Anvisa mas ainda não concedido. Contrato assinado para entrega de 10 milhões de doses em 2021, dependentes do registro.

Covaxin – Importada no Brasil pela empresa Precisa. Registro solicitado à Anvisa mas ainda não concedido. Contrato assinado para entrega de 20 milhões de doses em 2021, dependentes do registro.

Fonte Vacinas: Agência Senado

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