A Educação Profissional como prioridade
Enquanto a média global é de quase 50% de alunos em cursos profissionais, o Brasil amarga o índice de 9%. Está na lanterna do conhecimento.
Nesta sexta-feira (2), a Comissão Senado do Futuro (CSF), sob a presidência do senador Izalci Lucas, debateu a educação profissional e tecnológica. O Diretor-Geral do Departamento Nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, informou que a média de jovens com curso profissional e a educação regular na União Europeia é de 46% contra 9% no Brasil.
“Nós não fizemos uma revolução educacional junto com a revolução industrial que o Brasil fez na segunda metade do século XX, como aconteceu na maior parte dos países desenvolvidos, que o fizeram no seu tempo”.
E Lucchesi mostrou o quanto estamos defasados em relação ao resto do mundo: “Na Finlândia, um dos melhores sistemas educacionais do mundo, 71% dos jovens fazem educação profissional. Na Áustria é 69%, na Suíça é 65%, na Rússia é 54%. A média da União Europeia é 48%. E o Brasil, 9.
O professor, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Pará, Alex Fiuza de Mello foi enfático ao pedir urgência para a educação profissional e técnica no país. Segundo ele, os profissionais capacitados teórica e praticamente, para repassar o conhecimento exigido em cada campo e matéria da formação que se pretende, muitas vezes são profissionais que não estão nas instituições de ensino, estão nas próprias empresas, e eles têm que ser buscados para ensinar, não pode ser um mercado de trabalho restrito aos interesses corporativos das instituições de ensino.
Alex alertou para a situação do país em comparação com outras nações que sequer têm a riqueza de recursos naturais que o Brasil possui. “a história dita e ensina que o desenvolvimento dos povos, das nações é resultado, fundamentalmente, de dois fatores: acesso a recursos naturais e aplicação de conhecimento”, disse ele. “Muitos povos que não têm recursos naturais investiram em conhecimento e foram atrás de recursos naturais”, explicou.
“O Brasil é um dos países, se não o maior, junto com pouquíssimos outros, como Estados Unidos, mais ricos em recursos do Planeta. O que explica o nosso subdesenvolvimento não são nossas condições naturais, é a falta de aplicação e desenvolvimento do conhecimento. Todos os países na modernidade e na nossa contemporaneidade que se consolidaram como nações socioeconomicamente soberanas foram aqueles que investiram em conhecimento e, obviamente, conhecimento é educação na base e educação profissional e tecnológica”, afirmou.
Para Fiuza de Melo, “estamos à beira de um abismo que vai se refletir nessa e nas próximas gerações “.
Ao citar a oferta de três milhões de matrículas na educação profissional, que inclui cursos de pós-graduação, a representante do Ministério da Educação, MarilzaRegattieri, disse que é preciso um ensino médio que prepare para o vestibular e para o mercado de trabalho.
“Quando a gente olha para a educação profissional, o Brasil ainda está com um contingente de matriculados muito baixo, muito abaixo em relação a outros países. E quando a gente também olha essa relação com a população total, então aí que nós vemos que há muito a se avançar em relação ao acesso à educação profissional no país”, disse ela.
Ao defender a educação profissional e tecnológica nas escolas públicas, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) pediu ao governo federal que se mobilize e envie um projeto sobre o tema o mais rápido possível. Izalci também pediu ao MEC que envie um orçamento compatível para que a educação profissional e técnica possa ser realizada em todo o país.
