Lockdown: Incompetência ou enganação
O senador Izalci Lucas (PSDB/DF) fez uma LIVE, nesta segunda-feira (1), para falar sobre a situação da saúde no Distrito Federal, em razão do novo aumento de casos de Covid-19 que levou o governo do DF a decretar um novo lockdown. Izalci destacou a desorganização presente no setor que está prejudicando a população. Segundo avaliou, apesar dos altos recursos transferidos para o DF, por meio de auxílios emergenciais, de emendas de Orçamento destinadas pelos parlamentares da bancada do DF, o governo local não explica onde foi aplicado todo o dinheiro repassado para o combate à Covid-19. O senador explicou que, em função de inúmeras denúncias, foi criada uma comissão especial para acompanhar as ações contra a Covid no DF. Durante seis meses, parlamentares federais e distritais, representantes do Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do DF, Ministério Público do DF, representantes de sindicatos dos médicos, do conselho de saúde do DF, entre outros, participaram de reuniões semanais para reunir dados e informações sobre a situação.
Ausência
Ao falar sobre o trabalho da comissão da Covid-DF e as irregularidades apuradas por meio das denúncias que foram analisadas pelos integrantes e convidados, Izalci lamentou o desinteresse do governador e a proibição de os secretários participarem das reuniões para ajudar a esclarecer os fatos.
“Mesmo com a ausência do governador e seus secretários, continuamos a nos reunir, recebendo informações para buscar explicações e indicar soluções para a crise na saúde”, disse.
Falta planejar
Ao fazer uma avaliação sobre a situação da saúde no DF, Izalci Lucas citou inúmeras irregularidades encontradas na administração local, principalmente no que diz respeito à compra e ao uso de medicamentos em todo o sistema de atendimento da rede hospitalar pública. Para o senador, está muito clara a falta de planejamento, de organização e a presença de corrupção no setor.
“Parece que existe uma máfia que não quer organizar a saúde. Para se ter uma ideia, não existe controle de estoque de medicamentos, nem de outros insumos. Há problemas com fornecedores e não há controle do vencimento de medicamentos e tampouco daquilo que é usado nos hospitais públicos. É um descontrole total”, lamentou ao citar ainda que não há integração entre os hospitais e as informações acabam se perdendo.
Falta administrar
O senador mencionou alguns assuntos levados à comissão, como a falta de leitos nas UTIs, de medicamentos, de anestésicos para intubação de pacientes de Covid, a falta de equipamentos de proteção para os trabalhadores da saúde e até a interrupção da realização de cirurgias e procedimentos para pacientes cardíacos e com outras enfermidades graves. Izalci Lucas salientou também outros pontos discutidos pela comissão da Covid-DF, tais como os prejuízos causados pela má administração e irregularidades encontradas no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) que é responsável pelo Hospital de Base e o Hospital Regional de Santa Maria.
“O governador disse que ia acabar com o Iges, mas ele reforçou o órgão. Infelizmente, várias auditorias demonstraram que o Iges está quebrado e que tem gastos altíssimos com pessoal”, apontou.
CPI da Pandemia
Outro ponto ressaltado pelo senador Izalci foram as dificuldades impostas pela presidência da Câmara Legislativa para a abertura de uma CPI para a investigação de fatos como desvio de recursos para a Covid e a prisão da cúpula da secretaria de saúde. Izalci Lucas citou inúmeros relatórios que demonstraram irregularidades em contratações de serviços e o uso indevido de cartões corporativos. Apesar de todas as evidências e dos esforços empenhados pela comissão, a CPI nunca saiu.
Muito recurso, pouco resultado
Um orçamento enorme e um território pequeno foram considerados pontos positivos para a existência de um serviço público de saúde exemplar, coisa que não acontece no Distrito Federal, conforme avaliação do senador Izalci. Segundo listou, o governo do DF recebeu quase R$ 2 bilhões para aplicar na saúde, sendo que R$ 830 milhões vieram do governo federal, a título de apoio aos estados e DF para o combate contra a Covid, R$ 190 milhões de emendas individuais e de bancada, além dos recursos do Fundo Constitucional.
“Não vimos onde esse dinheiro foi aplicado. Tivemos quatro hospitais de campanha que foram fechados, sendo que o número de atendimentos não compensou o investimento feito. O hospital da Papuda tem inúmeras denúncias. Ambos foram desativados. Agora inauguraram um hospital de campanha na Ceilândia que, na verdade, não vai resolver a demanda maior por atendimento”, explicou o senador.
Para Izalci, foi incompetência do governo local desativar esses hospitais uma vez que todos já sabiam que viria uma segunda onda.
Incertezas
Diante desse cenário de incertezas e com o novo lockdown, Izalci Lucas falou sobre as expectativas frustradas de retomada da economia. Segundo avaliou, as escolas privadas fizeram investimentos, mesmo com dificuldades e, de repente, foram surpreendidas com a decisão do governo. Além disso, o senador também considerou as adversidades que a classe trabalhadora e os empresários terão que enfrentar novamente. Outro fato que preocupa Izalci é que as pessoas terão que ficar novamente em casa, passando mais uma vez pela angústia da incerteza, o que contribui para aumentar ainda mais os índices de violência doméstica e depressão, que já estão altos em razão do isolamento.
“A impressão que fica é que o cidadão fica esquecido, abandonado. Sem emprego, sem atendimento hospitalar, morre na fila de espera, sem esperança. Sempre defendi prioridade zero para a vida. Primeiro a vida, depois a questão econômica. Mas, o correto era compatibilizar os dois e esse lockdown não tem planejamento”, salientou o senador ao concluir que, diante desse cenário, o caminho é organização e controle.