Onde está o dinheiro?
Sem respostas e sem dados, o governo do DF não sabe onde gastou e porque gastou os recursos da Covid no DF
A falta de gestão e a desorganização seguem refletindo o que é a atuação do governo do Distrito Federal (GDF) comandada pelo advogado Ibaneis Rocha (MDB). Nesta segunda-feira (19), a secretária-adjunta do gabinete da Secretaria de Saúde do DF, Beatriz Gautério de Lima, participou da 13ª reunião da Comissão Especial da Covid-19 no DF. A gestora apresentou dados incompletos sobre os recursos repassados pelo governo federal para o Distrito Federal enfrentar a pandemia do coronavírus.
A abertura da reunião contou com a participação do secretário de Saúde, Osnei Okumoto que foi questionado pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF), coordenador da comissão, sobre a falta de material e pagamento dos salários dos empregados do Instituto de Cardiologia do DF (ICDF). Okumoto respondeu que o instituto possui dívidas que se arrastam desde 2017 e que o GDF tenta solucionar o problema, mas não deu uma previsão de quando os trabalhadores vão receber. O Secretário pouco permaneceu na reunião, deixou a secretária Beatriz com a responsabilidade de responder aos parlamentares.
Foram recebidos quase 100% dos recursos dos parlamentares, mas até agora quase nada realmente realizados
A secretária-adjunta fez uma rápida apresentação sobre os recursos que foram transferidos pelo governo federal e pelos deputados e senadores do Distrito Federal para o GDF atuar no combate à covid. Em sua exposição, Beatriz Gautério disse que R$ 99,59 milhões, oriundos de emendas da bancada do DF, foram recebidos pelo DF. Desse montante, mais de R$ 51 milhões foram empenhados e mais de R$ 24 milhões já estão contabilizados como pagamentos realizados. Segundo Beatriz, a Secretaria de Economia ainda precisa repassar outros R$ 56 milhões destinados pelos parlamentares do DF para o enfrentamento do coronavírus.
E do governo federal, a conta parece ser a mesma
A gestora informou que o governo federal repassou mais R$ 230,7 milhões para o GDF durante a pandemia, sendo que R$ 137,67 milhões foram empenhados, dos quais R$ 75,29 milhões já foram utilizados. Beatriz revelou que só a Biomega, uma das empresas acusadas de participar do esquema de corrupção existente na SES/DF, recebeu mais de R$ 18 milhões que foram pagos com recursos do governo federal. A Biomega vendeu os testes rápidos de baixa qualidade.
Nem eles sabem
Apesar de apresentar todos esses dados, a secretária-adjunta se comprometeu em pedir ao secretário de Economia um relatório mais detalhado do que já foi empenhado e pago pelo GDF durante a pandemia devido a Secretaria de Saúde do DF não ter acesso a essas informações.
Após a explanação de Beatriz Gautério, os parlamentares fizeram perguntas sobre os contratos celebrados pelo GDF, porém a dirigente não soube responder a maioria dos questionamentos.
“A maioria das questões apresentadas ainda não temos condições de respondê-las. Está muito difícil porque a maioria (dos contratos) não tem documentação, não sei se foi realmente efetivado, se foi acertado por ofício. Temos situações bem atípicas com as prestadoras de serviços que prestaram serviços sem contratação, sem alguma ordem formal. É muito difícil falar isso para os senhores, mas é o que eu tenho para esclarecer”, justificou a secretária-adjunta.
Queremos saber
O senador Izalci Lucas elencou outros recursos que foram repassados ao GDF e ressaltou que o Fundo Constitucional do DF teve um reajuste de mais de R$ 1,5 bilhão.
“Para nós é importante saber como o recurso foi investido e o que foi gasto com a saúde. De fato, há muitas dúvidas, inclusive para vocês mesmos, pelo que estamos constatando”, disse o coordenador da comissão para a gestora.
Izalci destacou que o governo não pode omitir informações para a população. “O GDF tem a obrigação de prestar contas desses recursos. A coisa não pode ficar da forma que está. Um descontrole total”, enfatizou o parlamentar.
Assista abaixo a íntegra da 13ª reunião da Comissão Especial da Covid-19 no DF:
