Sindicato dos médicos relata caos no sistema de saúde do DF

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Segundo o presidente do Sindicato, a situação atual dos hospitais e as condições insatisfatórias de tratamento estão causando um aumento no número de mortes por Coronavírus e outras doenças

“Tem gente sendo entubada sem sedativos, tem gente morrendo por falta de medicamentos e de oxigênio”, afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, em audiência pública remota, nesta segunda-feira (13), da comissão especial de acompanhamento das ações contra o Coronavírus no Distrito Federal.

Em uma exposição impactante, o médico afirmou que existem inúmeras irregularidades na venda e distribuição de insumos e equipamentos de segurança individual (EPI) que afetam os atendimentos no DF, além da falta de profissionais para atuarem nas UTIs. Ao destacar que o DF tem mais de 70 mil pessoas infectadas e quase 900 óbitos, Gutemberg afirmou que medidas urgentes para se diminuir a velocidade de contágio e aumentar a oferta dos leitos precisam ser tomadas pelo governo do DF.

Nesse sentido, o médico defendeu o lockdown para a contenção do contágio e organização dos hospitais como forma de evitar um aumento ainda maior no número de mortes. Ele afirmou que a situação dos hospitais do DF é grave porque faltam produtos essenciais como anestésicos, oxigênio, além da existência de uma série de irregularidades no sistema de saúde, que vão desde a falta de ambulâncias para remoção de pacientes, até a existência de adulteração em balões de oxigênio que são entregues pela metade.

“Não há oferta de leitos, nem funcionários, e não há como se negar que não chegamos no colapso tanto na rede pública quanto na privada. Com a situação atual, muitos vão morrer por falta de assistência”, avaliou Gutemberg.

Transparência

Segundo informou, o sindicato encaminhou vários pedidos de informação à Secretaria de Saúde do DF, pedindo informações a respeito de testagens, de equipamentos, entre outras, mas as respostas ou não chegaram, ou eram incompreensíveis.

“A transparência é fundamental para que possamos ter postura mais responsável por parte da população. Se os dados não são transparentes e não mostram o real caos que se implantou no sistema público de saúde, a população não acredita na gravidade da população”, disse Gutemberg.

Auditoria

O presidente da comissão, senador Izalci Lucas (PSDB/DF), falou sobre a solicitação de parlamentares de vários estados para que sejam criadas subcomissões estaduais de acompanhamento das ações contra o Coronavírus. Segundo informou Izalci, a proposta deve ser discutida na próxima reunião da comissão de acompanhamento do Congresso Nacional.

Izalci também disse que vai colocar em votação, na próxima reunião, um requerimento pedindo ao Tribunal de Contas da União (TCU) que faça auditoria em todos os valores e equipamentos transferidos para o Distrito Federal, para o combate da Covid-19. Ao lembrar que o objetivo da comissão que preside é dar transparência aos atos da Saúde no DF, o senador lamentou o fato de que o governador do DF, Ibaneis Rocha, tenha declinado o convite para que ele e seus secretários participassem das reuniões.

Sem atendimento

Ao destacar a permanente e antiga situação precária dos hospitais públicos do DF, a deputada Paula Belmonte (Cidadania/DF), relatora da comissão, perguntou ao representante do Sindicato dos Médicos como está o atendimento de pessoas que não estão com Covid-19, mas que passam por problemas sérios de saúde.

Gutemberg confirmou que a população não está tendo acesso aos hospitais por conta da pandemia. As pessoas com outras doenças não estão sendo atendidas e esse fato aumentou o número de óbitos, principalmente entre os pacientes de doenças crônicas.

Paula também lamentou que a testagem dos profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate à Covid-19 não está sendo feita e condenou que muitos estão fazendo da pandemia unicamente um negócio.

Gutemberg criticou a falta de testagem dos profissionais que não estaria obedecendo a periodicidade de 15 dias recomendada, informando que também não há testagem para os acompanhantes dos pacientes, tampouco ações para mapear as famílias dos doentes e para afastar do trabalho portadores de Covid-19 assintomáticos.

Preocupação

A deputada Federal Bia Kicis (PSL/DF) afirmou que as informações trazidas por Gutemberg eram muito preocupantes, especialmente porque os dados considerados pelo governo não eram confiáveis. Bia também destacou a importância da participação dos infectologistas no combate à doença.

Gutemberg informou que, apesar dos profissionais estarem trabalhando em conjunto, a própria Covid-19 tem características que ainda não são bem conhecidas pela medicina, tais como a interpretação dos falsos positivos e negativos, a rapidez do agravamento da doença e os fatores relacionados ao tratamento de pacientes assintomáticos.

“Não conhecemos bem a doença ainda, não tivemos tempo de fazer estudos científicos recomendados e os ensaios clínicos necessários”, afirmou.

Ao alertar para o fato de os hospitais de campanha não terem infraestrutura necessária para o atendimento de pacientes com problemas respiratórios, Gutemberg respondeu à pergunta feita pelo senador Izalci Lucas sobre a situação do hospital de campanha montado no Estádio Mane Garrincha.

“A informação que eu tenho é a própria concepção do hospital, construído sem previsão de suporte de oxigênio em 167 leitos. Tiveram que correr para improvisar e fazer contratos de emergência para se colocar uma barra de oxigênio la”, disse o presidente do sindicato.

Informação clara e proteção

A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do DF, Dayse Amarilio, relatou o desgastante e difícil dia a dia dos profissionais do setor e destacou o dever social do sindicato em tempos de pandemia. Dayse falou sobre a necessidade de se passar informação clara sobre dados para que a população entenda, medida que não existe atualmente.

Segundo Amarilio, os trabalhadores da enfermagem que estão na linha de frente do enfrentamento do Coronavírus não estão conseguindo fazer uso dos direitos já adquiridos, tais como a testagem para a doença e o pagamento do adicional de insalubridade.

O deputado Distrital Reginaldo Sardinha (Avante) falou da importância do trabalho da comissão e se colocou à disposição para trabalhar em favor da fiscalização e acompanhamento das ações do DF em tempos de pandemia.

O representante da Ordem dos Advogados do Brasil/DF, Paulo Mauricio, disse que OAB DF está solidária e acompanhando as informações. Ele informou que o órgão tem solicitado inúmeros esclarecimentos e pedido mais transparência, em função da incerteza dos atos do Executivo. Paulo Mauricio destacou sua preocupação com relação à reabertura das atividades num momento em que o DF ainda está em estado de calamidade.

“Nossa manifestação tem sido sempre no campo da técnica. Ao não deixar claro quais critérios estão sendo usados em suas decisões e atos, o GDF gera insegurança na população e nos empresários. Fico feliz por mais esse âmbito de debate e a OAB/DF está atenta aos problemas que estão surgindo.

 

Ao encerrar a reunião, o senador Izalci Lucas informou que vai convidar novamente o secretário de Economia do DF, André Clemente, além de representantes da área federal para falarem sobre os recursos que já foram destinados ao DF em razão da pandemia, na próxima semana.

A comissão volta a se reunir na segunda-feira (20), às 14h30.

 

Assista a reunião completa abaixo:

 

 

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