Senado realiza sessão especial para marcar início da campanha Novembro Azul

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Izalci Lucas considera que data é oportunidade única para conscientizar a população sobre a importância da prevenção contra o câncer de próstata

O Senado realizou, nesta segunda-feira (8) uma sessão especial para marcar o início da campanha Novembro Azul de conscientização dos homens sobre a importância do diagnóstico precoce na cura do câncer de próstata. A data é oportunidade para chamar a atenção para os cuidados com as doenças masculinas e a necessidade de programas e políticas de saúde para tornar mais acessíveis consultas e exames nesse sentido. Durante a sessão especial, de iniciativa do senador Nelsinho Trad (PSD)/MT) e que foi presidida pelo senador Izalci Lucas (PSDBB/DF), médicos e especialistas fizeram um panorama da situação da saúde do homem e pontuaram mudanças no sistema de saúde pública pública e ações práticas para melhorar a prevenção e tratamento da doença. O senador Izalci lembrou a importância do diagnóstico precoce e da campanha Novembro Azul para conscientizar a população masculina.

“A conscientização e a desmistificação dos preconceitos a respeito desse tipo de câncer são de enorme relevância, tendo em vista que o diagnóstico precoce aumenta enormemente as taxas de sucesso do tratamento. Por isso, as campanhas levadas adiante durante o Novembro Azul têm grande importância em termos de políticas públicas de saúde, melhorando a qualidade de vida da população e reduzindo impactos sobre o sistema de saúde”, avaliou.

O senador Nelsinho Trad, que é médico urologista, considerou que a campanha Novembro Azul passou a ser um movimento em favor da promoção da saúde integral do homem e disse que os homens não se preocupam com sua saúde e só procuram serviços de saúde quando os sintomas já mostram a gravidade do problema. Segundo informou, em 2019 quase 16 mil homens morreram da doença.

“Quando mais cedo eles procurarem o médico, maior a chance de cura. Os homens devem fazer o exame preventivo a partir dos 50 anos. Com a pandemia, a busca por atendimentos e exames no maior centro de referência de tratamento do câncer de próstata no Brasil, o Hospital A.C Camargo em São Paulo, caiu 48%“, afirmou Trad ao reforçar que os exames de rotina podem ser a diferença entre a vida e a morte.

Marlene Oliveira, Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, relatou o trabalho realizado pela instituição e citou pesquisa que ouviu 1.800 homens no Brasil, Argentina Colômbia e México. Os dados mostram que mais de 60% dos brasileiros só buscam o médico quando tem sintomas insuportáveis. “Nessa pesquisa já identificamos dados para a elaboração de políticas públicas em favor da saúde do homem. 54% dos homens pediram um diagnóstico mais ágil e 55% pediram mais agilidade no início do tratamento. Essa informação é um recado direto para os gestores da saúde no Brasil. Esses dados ainda mostram que há uma grande desigualdade na prevenção do câncer de próstata no país. No Sus os pacientes tem poucas oportunidades de tratamento, enquanto na saúde suplementar eles conseguem esse tipo de atendimento. Todos tem direito à informação e tratamento digno e precisamos garantir isso”, afirmou Marlene.

A presidente do Instituto ainda avaliou que, nos próximos meses, no pós-pandemia, o número de casos da doença deve aumentar muito, “pois tivemos um represamento de consultas e de diagnósticos e grande quantidade de tratamentos interrompidos. Por isso, não podemos descansar enquanto houver homens morrendo por falta de informação e de tratamento digno “.

Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia,  lembrou que a reflexão sobre o impacto do coronavírus em relação ao câncer segue sendo importante ao longo de novembro. Ela prevê uma epidemia de casos avançados:

“Só em relação ao câncer de próstata, tivemos cerca de 5 mil homens a menos iniciando seus tratamentos em 2020, comparando-se com dados de 2019. Se considerarmos 2021, essa diferença já chegou a quase 20 mil. Isso reforça a necessidade de agirmos e cobrarmos a retomada da priorização da oncologia no Brasil”, disse.

Preconceito e desinformação 

O câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens brasileiros, depois do câncer de pele. Anualmente, o país registra cerca de 65 mil novos casos, que resultam em pouco mais de 16 mil mortes causadas pelo tumor.

Os especialistas que participaram da audiência foram unânimes em dizer que falta de informação, preconceito e vergonha são algumas das razões que levam o público masculino a deixar de lado procedimentos simples, rápidos, indolores e fundamentais para identificar a doença em estágio inicial.

“O tratamento para quem detecta precocemente o câncer de próstata chega a índice de cura de até 90%”, esclareceu o urologista Roni de Carvalho Fernandes, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia.

O urologista lembrou que esse tipo de câncer pode ser assintomático e silencioso em seu estágio inicial.

Falta acesso

Fernando Maluf, Médico oncologista e Presidente do Instituto Vencer o Câncer – Ivoc, afirmou que no Brasil faltam informação, e acesso, mas que a acima disso há uma população enorme de homens que não têm condição de acesso a exames básicos, às consultas básicas, a exames diagnósticos, a biopsias e a tratamentos.

“Hoje, a gente não tem canais de facilitação para o homem ir ao médico e, pior do que isso, a gente não tem uma forma de monitorar os homens de uma forma geral. Quer dizer, a gente precisaria criar um sistema adequado de monitorização, em que, baseados em CPF e RG, a gente conseguisse fazer uma checagem proativa, como se faz em vários hospitais, em planos de saúde, para os seus usuários: se aquele homem foi ao médico naquele ano, os exames alterados, qual é o curso que foi dado para aquelas pessoas”, afirmou.

O médico ainda salientou que a sociedade, as ONGs, as sociedades médicas e os governantes precisam rever o modelo do SUS, rever a questão do orçamento, da compra de medicamentos de alto insumo e a questão da PAC para que se consiga propiciar para aquela pessoa que teve câncer as melhores formas de tratamento e de resultado.

O oncologista e Diretor do Hospital Sírio Libanês no Distrito Federal, Gustavo dos Santos Fernandes, sugeriu o estabelecimento de marcos práticos e citou uma experiência num país vizinho para tornar compulsório exames de saúde específicos.

“O Uruguai tem uma história em que Tabaré Vázquez, que foi presidente do Uruguai e era radioterapeuta, tornou compulsória a realização de mamografia para as mulheres renovarem a sua carteira de trabalho. Pensando em alguma coisa semelhante para os homens brasileiros, eu penso na habilitação. É uma coisa muito cara para o homem no Brasil poder dirigir, poder conduzir o seu carro, sua moto, o que seja. E a renovação da habilitação não é anual, mas é a cada cinco ou a cada dez anos, dependendo da faixa etária”, sugeriu

Nesse sentido, Gustavo Fernandes afirmou que houvesse, pelo menos nesse momento, a necessidade de ter alguns testes que sejam preventivos e uma consulta que envolvesse não só a saúde para dirigir, mas também as outras áreas da saúde, talvez o país consiga avançar um pouco no combate a diversas doenças.

Maior controle 

Ao encerrar a sessão, o senador Izalci Lucas avaliou como positivas as sugestões de Gustavo Fernandes, lembrando as dificuldades logísticas e orçamentárias que afetam diretamente os serviços que já são oferecidos pelo SUS e defendendo o controle de gastos na Saúde do Brasil e do Distrito Federal, como forma de melhorar o atendimento e a disponibilidade de medicamentos e tratamentos na saúde pública.

“Eu acho que seria ótimo, mas como fazer isso? Como fazer com que o Sistema Único pudesse fazer esse diagnóstico para todo mundo e que a gente pudesse não só diagnosticar, mas também tratar o paciente com dignidade? Nós temos mais de R$150 bilhões no orçamento da saúde. Não estou dizendo que isso é suficiente, mas vejo que isso é muito mal controlado. O Governo Federal repassa o recurso, mas não sabe como e onde foi gasto. Aqui no DF, nós temos um orçamento de quase 8 bilhões e não temos sequer controle de estoque de medicamentos. Então, a gente precisa de muita transparência, afinal tudo isso é dinheiro do contribuinte, dinheiro público. Além das questões médicas, de prevenção e de tratamento, a gente precisa muito também controlar essa questão dos recursos”, analisou Izalci.

Também participaram da sessão João Alexandre Queiroz Juveniz, Diretor Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) no Estado do Mato Grosso do Sul; Clarissa Mathias, Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Paulo Giovanni Pinheiro Cortez, infectologista e Superintendente do Hospital de Base do Distrito Federal

 

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