Izalci denuncia contrato da Precisa Medicamentos com o GDF
Na CPI, o senador abordou as evidências de conexão direta entre ações irregulares na Secretaria de Saúde do DF e o Ministério da Saúde
O senador Izalci Lucas (PSDB/DF) reafirmou, na CPI da Pandemia, a urgência de ouvir o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, para esclarecer irregularidades nos contratos para a compra de testes de covid-19 da marca chinesa Zhuhai Livzon, em 2020. Na reunião de sexta (25), o senador citou documentos recebidos pela CPI, alguns sigilosos, que mostram manobras em licitações, envolvendo o ex-secretário de Saúde para beneficiar a empresa.
Vidas perdidas
Izalci Lucas lamentou que, além do evidente superfaturamento, os testes da marca chinesa eram de baixa qualidade, tendo sido devolvidos por outros países por essa razão. “A Precisa, aqui no DF, matou muita gente. Não é só superfaturamento. A questão é o teste, que não tinha valor nenhum. Na Índia, na Dinamarca, foi aplicado na Argentina, onde de 120 mil aplicados apenas oito testes funcionaram. Então, muita gente fez o teste, foi para casa achando que estava bem, e, aí, está aí esse número de mortes”, declarou.
Entre as irregularidades no GDF estão a ausência de critério para constantes alterações dos valores dos objetos licitados e rejeição de propostas de menor valor, sem qualquer justificativa técnica. “Cito os dados disponibilizados pela CPI para reforçar a necessidade da vinda do ex-Secretário (Francisco Araújo), que é um dos líderes da organização criminosa, que desviou recursos”, salientou o senador.
A Operação Falso Negativo descobriu que a Precisa foi contratada para fornecer 150 mil unidades do teste ao custo de R$139,90, sendo que o mesmo teste foi oferecido em Pregão Eletrônico do Sesc por R$18,00. “Infelizmente, parte dos escassos recursos públicos destinados ao combate à pandemia do Covid foi desviada por uma organização criminosa que se instalou na Secretaria da Saúde do DF”, disse o senador.
Novas informações
A intervenção de Izalci ocorreu durante a reunião para ouvir o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, que falaram sobre as pressões sofridas pelo servidor e as supostas irregularidades dentro do processo de compra da vacina indiana Covaxin. O servidor citou um colega de trabalho, de nome Ricardo, que teria recebido pressão e até proposta de propina para agilizar o contrato para compra da vacina Covaxin.
Izalci perguntou se o colega não seria Rodrigo de Lima. Este funcionário do Ministério, havia procurado o senador para denunciar estas irregularidades. “É isso, ele é terceirizado, mas eu não lembro de cabeça. Então é ele, é ele mesmo”, confirmou Luiz Ricardo Miranda. Diante desta revelação ficou decidido que Rodrigo de Lima será convocado para falar à CPI já na próxima semana.
Segundo o Ministério da Saúde, há um contrato entre o governo federal e a Precisa Medicamentos de janeiro deste ano que previa compra de 20 milhões de doses da Covaxin, um investimento total de R$ 1,614 bilhão. A previsão era de que as primeiras oito milhões de doses chegassem ao Brasil no mês de março, em dois lotes de 4 milhões a serem entregues entre 20 e 30 dias após a assinatura do contrato, o que não aconteceu.