A alta inadimplência de estudantes com o Fies preocupa Izalci
Parlamentar também exaltou novas descobertas na medicina e na produção sustentável de bens.
A dificuldade de estudantes de todo o país para quitar dívidas com programas de financiamento educativo foi destacada pelo senador Izalci Lucas (PSDB/DF) nesta quarta-feira (26). Em seu discurso, o parlamentar ressaltou que o caso mais preocupante é o do Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior, o Fies, programa de crédito do governo federal.
Segundo Izalci, os dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, mais de 500 mil estudantes estão com parcelas atrasadas e esses valores somam dívidas superiores a R$ 13 bilhões.
“Os dados, que são deste ano, mostram a dimensão da inadimplência: três em cada cinco estudantes que usaram o Fies para pagar a mensalidade do curso superior estão com esse problema”, afirmou.
Izalci também ressaltou que cerca de 1,3 mil instituições de ensino superior não receberam os repasses do financiamento este ano, de acordo com o FNDE. O senador informou que para amenizar a situação, o FNDE estabeleceu um prazo para renegociação de contratos do Fies assinados até o 2º semestre de 2017. Os estudantes inadimplentes terão até o dia 29 de julho para entrar com pedido de renegociação da dívida e poderão quitar os débitos vencidos, com juros e demais encargos, em 48 parcelas mensais e uma parcela mínima mensal de R$ 200,00.
Ao salientar a importância de garantir uma educação de qualidade para que os jovens brasileiros possam ter condições de entrar no mercado de trabalho, o senador Izalci apontou que apesar da lei ter universalizado o acesso à educação, o país ainda sofre com a falta de planejamento e gestão.
“Num cenário como esse, é preciso buscar alternativas para compensar a inadimplência daqueles estudantes de nível superior que não conseguem pagar suas dívidas com o credito educativo”, avaliou o senador.
Nesse sentido, Izalci reforçou a importância do projeto que apresentou para permitir a concessão de bolsas de estudos no âmbito da educação superior. Ele explicou que o PL 1.278/2019 se apresenta como alternativa para evitar a inadimplência garantindo a continuidade dos estudos e ameniza os altos gastos públicos com o ensino.
“Essa proposição apresenta uma solução que busca equalizar essas dificuldades, com o benefício adicional de proporcionar aos estudantes uma valiosa oportunidade de aperfeiçoamento profissional”, disse.
Izalci destacou ainda que a proposta é inspirada no Programa Bolsa Universitária, implementado no Distrito Federal quando ele foi secretário de Ciência e Tecnologia.
“Nossa proposta visa oferecer bolsas de estudo integrais e parciais para estudantes de cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior”, elencou.
O senador Izalci ainda explicou que o objetivo da proposta é que o estudante retribua à sociedade por meio do trabalho como monitor em escolas na rede pública de ensino ou em órgãos públicos de outras áreas condizentes com sua formação acadêmica.
“Essa é uma boa solução para a geração de novas vagas no ensino superior, sem a criação de dívidas e dando aos estudantes a chance de oferecerem seus serviços à comunidade. Precisamos buscar soluções para os problemas relativos ao financiamento estudantil, ajudando também os jovens que sofrem com problemas de programas já existentes e que, muitas vezes, também enfrentam a inadimplência”, concluiu o senador.
Novo Medicamento para ELA
Ainda em seu discurso, o senador Izalci destacou aos colegas de plenário a descoberta de um novo remédio para inibir a esclerose múltipla (ELA) fruto da pesquisa coordenada pelo espanhol Xavier Montalban, diretor do Centro de Esclerose Múltipla da Catalunha, na Espanha. O parlamentar informou que os cientistas descobriram que o tratamento oral com evobrutinib consegue bloquear as células que atacam a mielina, uma substância que reveste os neurônios.
O senador observou que a pesquisa avaliou pacientes com idade entre 18 e 65 anos tratados com duas doses diárias de 75 mg do medicamento que tornou possível a redução do número de lesões já na 12ª semana do tratamento. O estudo foi apresentado em dois eventos renomados e foi muito bem recebido pela comunidade científica-acadêmica da Medicina.
“Essa não é só uma notícia boa, mas também uma notícia que leva esperança a milhões de pessoas em todo o mundo que sofrem com doenças degenerativas. Cerca de 35 mil brasileiros convivem com essa doença limitante e essa descoberta, certamente, cria possibilidade de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”, destacou.
Bicicletas Sustentáveis
Izalci Lucas também destacou uma iniciativa sustentável de fabricação de bicicletas com plástico reciclado pelo artista plástico uruguaio, radicado no Brasil, Juan Muzzi, que se inspirou na economia circular para fundar a muzzicycles. A empresa fabrica bicicletas com o material, sem soldas e amortecedor.
O parlamentar explicou que como não precisa de pintura, a bicicleta não enferruja e é levíssima: o quadro de plástico pesa entre 5 e 6 kg. A produção é simples feita com resíduos plásticos triturados até virar grãos, que adicionados a aditivos químicos, se tornam resistentes.
“O processo usa 96% a menos de energia e um mínimo de água. Em uma bicicleta comum, são necessários 1 mil litros para se fazer o quadro. Já foram recicladas 15 toneladas de resíduos plásticos o que resultou na fabricação de 132 mil bicicletas. Os resíduos utilizados vêm de organizações que trabalham com a coleta de sucata”, ressaltou.
Ao concluir, o senador Izalci ressaltou a importância da iniciativa, uma vez que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico no mundo e recicla apenas 1% do que produz, de acordo com a WWF.
“De acordo com o estudo, o Brasil produz 11 milhões de toneladas de lixo plástico por ano. Então, temos que aplaudir iniciativas como essas que beneficiam o meio ambiente e ainda movimentam a economia”, defendeu.