Ensino de qualidade com ciência, tecnologia, pesquisa e inovação é a saída para impulsionar o desenvolvimento do Brasil
Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação debaterá a queda do país no Ranking Internacional de Inovação.
A queda do Brasil no ranking internacional de inovação, o Índice Global de Inovação (IGI), preocupa parlamentares, dirigentes e especialistas do setor de educação, ciência, tecnologia, pesquisa e inovação. A Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação realizará reunião, nesta próxima quinta-feira (08), às 10h, para debater o tema com representantes do governo federal e especialistas do segmento.
O ranking está na 12ª edição e se tornou uma ferramenta quantitativa detalhada que auxilia em decisões globais para estimular a atividade inovadora e impulsionar o desenvolvimento econômico e humano.
Organizado pela Universidade Cornell (EUA), pela escola de negócios Insead e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), o IGI analisa as economias de 129 países com base em 80 indicadores, que vão desde as taxas de depósito de pedidos de propriedade intelectual até a criação de aplicativos para aparelhos portáteis, gastos com educação e publicações científicas e técnicas.
Aqui no Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) são parceiros da iniciativa. De acordo com o CNI, uma das causas para a queda da posição do país no ranking se deve a piora na avaliação dos insumos para inovação, que são o conjunto de ferramentas disponíveis no país para o desenvolvimento da inovação. O Brasil é apenas o 5º país mais inovador entre as 19 economias da América Latina e Caribe, e está atrás do Chile (51º), Costa Rica (55º) e México (56º).
Entretanto, outros pontos podem ser apontados como influenciadores para essa queda da posição do Brasil. Para o professor da Universidade de Brasília, Remi Castioni, da faculdade de Educação, a falta de investimentos para melhorar a qualidade do ensino nos últimos governos reflete na economia, em especial no mercado de trabalho.
“O sistema educacional brasileiro não vem cumprindo essa função. Um dos principais desafios do país é melhorar a educação básica já que os estudantes de hoje que estão no ensino fundamental e no ensino médio serão os cientistas do futuro”, aponta Castioni.
O professor também frisou que é importante que se criem políticas públicas que possam reinserir no mercado de trabalho quem está desempregado e precisa passar por uma requalificação. “Os empresários vivem reclamando que falta mão de obra qualificada ou aperfeiçoar aqueles que já atuam em suas áreas. Tem que se buscar um meio para que essas pessoas possam complementar a sua escolaridade e estarem aptos para voltarem ou se reinserirem no mercado de trabalho”, destaca Remi Castioni.
Segundo o professor, o Brasil é um dos únicos país no mundo que financia projetos de pesquisas individuais e não cobrar nenhuma contrapartida dos pesquisadores. “Nos outros países, o que vemos é que se financia o projeto e não o pesquisador. Nós temos que estimular a pesquisa para o desenvolvimento das regiões. Não temos uma estratégia sanar esses problemas. As nossas universidades e instituições de ensino não estão preparadas para a indústria 4.0, por exemplo. Nós temos que fazer uma mudança brutal no nosso sistema educacional para termos condições de inovar”, avalia Remi.
O presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti), Antônio Carlos Andrade, destaca que o Brasil é bem ranqueado na geração de conhecimento (13º lugar no mundo em produção de artigos científicos) e na formação de recursos humanos, mas não consegue se posicionar bem no quesito inovação.
“Para mudar esse quadro contamos hoje com um moderno e robusto marco legal, mas por outro lado é fundamental ter uma maior aproximação entre os institutos de ciência e tecnologia com as empresas visando tornar mais fluida a transferência de conhecimento e tecnologia entre esses dois atores. Por outro lado, o governo precisa garantir recursos financeiros de forma sistemática para a área de CT&I. Ou seja precisamos ainda de um conjunto de soluções sistêmicas para permitir de fato a geração de inovações em larga escala”, pontua Carlos Andrade.
Para o senador Izalci Lucas, presidente da Frente Parlamentar, a reunião do grupo possibilita debater soluções para que o Brasil se desenvolva do ponto de vista da inovação.
“Acho o que nosso maior problema está no Ensino Básico, entretanto não podemos deixar que o país tenha outra queda nesse índice. O Brasil tem potencial para ser uma das referências nessa área, mas para isso temos muito trabalho pela frente para mudar esse cenário”, afirma o parlamentar.