“Aqui só não se deve o salário”, diz o Gilberto Occhi diretor-presidente do Iges/DF

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Ao descrever a herança de R$ 250 milhões em dívidas que recebeu ao assumir o cargo, Occhi falou sobre cortes de gastos e renegociação de dívidas

A grave situação financeira do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) foi descrita por Occhi em reunião da Comissão Especial da Covid-DF, nesta segunda-feira (5). Há três semanas no cargo, o dirigente relatou as inúmeras irregularidades e dificuldades que encontrou ao assumir a gestão e listou as ações que deve implementar para sanear as contas e a administração do Iges.  Segundo Occhi, as despesas mensais do Instituto somam quase R$ 120 milhões e a receita é de R$ 83 milhões. Para equalizar esse passivo, Occhi disse que está negociando o parcelamento de dívidas e redução de gastos, além de um novo aditamento de contrato.

Na condução dos trabalhos, o senador Izalci Lucas (PSDB/DF) destacou que se percebe claramente que há muitas lacunas na prestação de contas do Instituto, tais como irregularidades diversas e números que não batem. Com relação a isso, Izalci citou um valor de R$ 138 milhões repassados pela Secretaria de Saúde (SECS) para o Iges que até hoje não prestou contas sobre a destinação do valor. Segundo informou o senador, são vários os relatórios de auditoria da própria corregedoria do Iges com irregularidades e não há notícia se elas já foram corrigidas.

“O que a gente percebe é que está faltando transparência. A bancada sempre ajudou e destinou todos os recursos para a Covid e pediu somente prestação de contas, coisa que não houve”, disse o senador.

O dirigente do Iges disse que, realmente, não foi publicado quase nada e sabe que isso é insuficiente para demonstrar a transparência. Segundo informou, com as novas medidas que estão implementando serão disponibilizadas todas as informações sobre gastos, pessoal, recursos.

Troca de funcionários

Outra informação solicitada por Izalci Lucas e que não foi atendida foi o pedido de dados sobre o quadro de funcionários de setembro de 2020 até janeiro deste ano. Em setembro foram substituídos quase mil trabalhadores e a comissão quer analisar os motivos da troca.

Hospitais de Campanha

Izalci Lucas citou ainda irregularidades encontradas no contrato de instalação do hospital de campanha no Estádio   Mané Garrincha que ainda não foram esclarecidas.

“Agora estamos assistindo a construção de um hospital de campanha no Estádio Bezerrão, recentemente reformado pela Fifa. Esse hospital não deixará legado nenhum e a gente precisa saber um pouco mais sobre isso”, disse o senador.

Occhi afirmou que a instalação de hospitais de campanha é de responsabilidade da Secretaria de Saúde e que hoje a ideia é colocar hospitais de campanha acoplados a outros hospitais em locais como Ceilândia, Planaltina, Paranoá e Santa Maria para que sejam aproveitadas as áreas remanescentes de forma definitiva, deixando como legado um espaço com 50, 60 leitos.

Veja as informações levadas pelo presidente do Iges sobre a situação do instituto e algumas respostas a pontos colocados pelos integrantes da comissão durante a audiência.

 

Salários

Gilberto Occhi informou que o Instituto tem 9.500 funcionários, sendo que 2.500 são cedidos pela Secretaria de Saúde do DF, cuja folha de pagamento é de R$ 32 milhões. Os salários dos demais, que são servidores do Iges e terceirizados, somam um gasto de R$ 44 milhões. Segundo informou, só com a folha de pagamentos consome mais de 90% dos seus recursos.

“O Iges recebe R$ 83 milhões e gasta com salários R$77 milhões”, salientou.

O diretor-presidente informou que para equilibrar os gastos com salários de estatutários o Iges está dividindo o custo da folha desses servidores com a Secretaria de Saúde.

“O custo é menor do se eu tivesse que devolvê-los à secretaria e contratar por nossa conta. Temos parecer favorável do nosso jurídico e da Secretaria da Saúde a essa medida que vai trazer uma economia de R$ 16 milhões”, explicou.

Novo contrato

Outra iniciativa citada por Occhi e que será apresentada à SECS é uma nova contratualização, que vai permitir ajustar o valor atual de R$ 83 milhões para R$ 103 milhões. Ele explicou que, o aumento se justifica porque hoje o Iges atende muito mais do que o previsto pelo contrato atual.

“Esse reajuste vale a partir de janeiro de 2021 o que gera um debito da Secretaria de Saúde com o Iges em torno de R$ 60 milhões”, disse.

Encargos da Secretaria

O dirigente também mencionou outras fontes de recursos que são valores que têm que ser custeados por lei pela Secretaria de Saúde, tais como benefícios de servidores, que estão sendo pagos desde 2018 pelo Instituto, e que somam R$ 170 milhões.

“Outra obrigação da SECS é pagar o salário dos preceptores (professores instrutores) nos hospitais e UPAS, cerca de R$ 12 milhões.  Seria no total um valor de R$ 250 mil que temos que receber da secretaria.

“Se conseguirmos receber esse haver da SECS, parcelar dividas com encargos federais, nós teríamos capacidade de liquidar a dívida. Regularizando a despesa e receita começamos a respirar”, afirmou.

Além disso, Occhi citou três ações para organizar a administração que são a melhoria da logística – para promover o controle de estoque e evitar desvios, a organização do sistema de presença dos funcionários e o controle de contratos – para avaliar a necessidade da manutenção do serviço prestado. Ele informou que existem 190 contratos diversos e cerca de 46 estão em análise para averiguar a necessidade e efetividade.

Ações futuras

Occhi disse que estão sendo finalizadas as obras de sete novas UPAS, faltando agora equipar e contratar profissionais com previsão de entrega entre maio e julho, em vários pontos do DF para melhorar o atendimento.

“Recebemos ainda uma demanda do governador Ibaneis para construir duas novas UPAS, sendo uma no Guará e outra na Estrutural”, informou

Melhorar e ampliar os serviços nos dois hospitais e nas UPAS para poder ampliar outros atendimentos que tiveram que ser cocados em segundo plano em função da pandemia também foram ações destacadas por Occhi.

“Nós vamos precisar de cerca de R$ 116 milhões para construir, adquirir equipamentos e contratar profissionais que irão proporcionar ao Iges uma nova contratualização que por si só pagará esse investimento”, afirmou.

Outras prioridades serão melhorar atendimento para as cirurgias na nefrologia, oncologia e cardiologia e ampliar o atendimento por meio da telemedicina.

“Estamos começando a construir esse novo Iges e eu vim porque acredito. O Iges tem solução e ele vai ser exemplo de boa gestão e prestar um bom serviço para a população do DF e redondezas”, avaliou.

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