CDR debate ações prioritárias para o Nordeste nos próximos dois anos
A ampliação de investimentos para garantir água potável foi o principal tema apresentado pelos dirigentes dos órgãos governamentais que atuam na região.
Representantes da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) participaram, nesta quarta-feira (27), de audiência pública, realizada, pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado, para debater as diretrizes, ações e prioridades dos próximos dois anos para a região Nordeste.
A iniciativa do debate foi requerida pelo presidente da CDR, senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Para o parlamentar, a realização dessas audiências têm como finalidade conhecer os planos de trabalho dos órgãos que atuam no desenvolvimento regional.
“A nossa intenção é entender melhor como esses atores convergem e como serão aplicados os recursos para beneficiar a população”, destacou Izalci Lucas.
O superintendente da Sudene, Mário de Paula Gordilho, informou aos senadores que o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDN) está em construção e disse que o órgão está realizando um trabalho em conjunto com os estados para ter uma agenda propositiva e articular ações com os diversos órgãos da região visando ampliar a participação do Nordeste no Produto Interno Bruto (PIB), que hoje corresponde a 14%.
Mário Gordilho ainda fez o alerta quanto a necessidade de ampliar os investimentos para garantir água para as futuras gerações.
“O (Rio) São Francisco tem um plano diretor já definido, é um trabalho bastante eficiente. Todas as opções e necessidades para o rio constam nesse documento. É uma coisa que tem que ser dada uma atenção especial porque realmente dá uma grande utilização ao rio, pois é um grande fator de desenvolvimento do Nordeste”, defendeu Gordilho.
Os representantes da Codevasf, Maria Clara Oliveira, e do Dnocs, Angelo Guerra Negreiros mencionaram as obras que os órgãos estão realizando, que são consideradas essenciais para garantir água potável para a região. A Codevasf atua na recuperação de áreas degradadas de rios e captação de água. Já o Dnocs, tem trabalhado na implantação de barragens e perfuração de poços que permitem o desenvolvimento de atividades como piscicultura.
Maria Clara destacou que projetos voltados para a irrigação contribuíram para que os pequenos produtores pudessem aumentar a sua capacidade de exportação.
“Nós temos na região a maior produção de frutas tropicais do país. Por exemplo, a acerola orgânica, considerada a melhor do mundo, é cultivada no Nordeste e toda sua produção é comprada pela China”, enfatizou a gerente de gestão estratégica da Codevasf.
Já Angelo Negreiros, disse que o Dnocs vem sofrendo ao longo dos anos com a redução de pessoal e que o órgão é vital para o desenvolvimento do Nordeste. Negreiros criticou que quando se faz uma abordagem sobre o meio ambiente, somente se fala sobre a Amazônia.
“Se não tiver condição de vida no Nordeste, para onde essa população vai migrar? Para a Amazônia. Então vamos resolver o problema do Nordeste”, clamou Angelo Negreiros.
O presidente do Banco do Nordeste do Brasil, Romildo Carneiro Rolim, ressaltou que a instituição financeira é a principal incentivadora do desenvolvimento da região. Ele rechaçou a possibilidade de fusão do banco com o BNDES. Segundo Rolim, um dos pilares do BNB é o crédito produtivo a longo prazo financiados pelo Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) e Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).
Romildo Rolim lembrou que o banco abastece principalmente o setor rural e agroindustrial, mas também atua em investimentos como aeroportos, energia eólica e solar, exploração de petróleo e gás, saneamento e transmissão e distribuição de energia. O dirigente da instituição ainda destacou que é realizado um trabalho de preparação da cadeia produtiva antes da concessão do crédito.
“A maior parte dos empréstimos é direcionada para médios e pequenos empreendedores. Por isso, realizamos esse trabalho de preparação antes de fazer o repasse do recurso”, informou o presidente do BNB.
O senador Izalci Lucas ressaltou a importância dos Planos de Desenvolvimento Regional (PDRs) para o diálogo entre esses órgãos e os estados.
“Foram destinados mais de R$ 24 bilhões para serem investidos na região, por meio dos dois fundos constitucionais (FNE e FDNE). As diretrizes para esses investimentos devem estar bem definidas”, disse o presidente da comissão.
Durante a audiência, representantes das associações dos servidores da Codevasf e Dnocs pediram aos senadores que se sensibilizem para a necessidade de apoiar os dois órgãos que estão deficitários quanto a mão de obra.
A próxima reunião da CDR ocorrerá no próximo dia 3 de abril, às 9h