Vacina contra a Covid-19 poderá ser produzida também por laboratórios veterinários
O senador Izalci Lucas destacou que a ideia pode contribuir muito para aumentar a rapidez da produção da vacina
Fazer chegar a vacina aos braços dos brasileiros. Essa é a missão mais importante que governos, o legislativo, autoridades de saúde e pesquisadores têm buscado cumprir no último ano. Por meio da comissão que acompanha as ações contra a Covid-19 em todo o país, o Senado tem ouvido os mais diferentes setores para indicar sugestões de combate aos efeitos da pandemia. Nesta segunda-feira (29), os senadores receberam representantes do setor farmacêutico veterinário, dos ministérios da Saúde, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Agricultura, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e das indústrias veterinárias farmacêuticas para analisar a possibilidade da produção de vacinas contra a Covid-19 nos laboratórios animais.
Ao acompanhar a exposição dos especialistas sobre a viabilidade técnica e as expectativas de produção de vacinas nesses laboratórios, o senador Izalci Lucas (PSDB/DF) considerou importante a iniciativa, salientando que o Brasil é o maior produtor de bovinos e possui uma estrutura de vacinas veterinárias de tradição. O senador aproveitou para perguntar sobre a questão do IFA, que é um insumo farmacêutico usado para a produção da vacina contra a Covid-19.
“Nós ouvimos muito falar do IFA que é essencial para produzir a vacina e que é produzido pelos laboratórios estrangeiros. Então acho que é importante explicar para todos que nos assistem o que é esse IFA e como ele pode ser produzido no Brasil diminuindo a dependência de importação”, disse o senador.
A Diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Meiruze Freitas, explicou que o IFA é a base do insumo farmacêutico ativo, que é a matriz e a grande essência de qualquer produto biológico, em especial das vacinas, sendo a sua obtenção variável a partir da tecnologia que se emprega. O Secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI, Marcelo Marco Morales, afirmou que o IFA é o principal ativo de qualquer medicamento.
“Então, nós temos a possibilidade de ter um insumo farmacológico ativo produzido no Brasil, sem a dependência de outros países. Neste momento, nós estamos importando esse insumo de outros países. Essa é a grande diferença”, completou o secretário.
Mais recursos para C&T
Marcelo Morales falou também sobre a Versamune, que é a vacina brasileira financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Segundo explicou, o insumo farmacêutico ativo dessa vacina foi feito na USP de Ribeirão Preto, com financiamento do MCTI. O senador Izalci Lucas aproveitou para parabenizar a equipe do Ministério da Ciência e Tecnologia pelo trabalho que tem desempenhado mesmo sem os recursos adequados.
“Vocês têm feito um belo trabalho, sem recurso. Espero que agora, com a promulgação do texto final do projeto que proíbe o bloqueio de recursos do fundo para a Ciência e tecnologia e Inovação, o FNDCT, a gente possa restabelecer de fato os investimentos em pesquisa, ciência, tecnologia e inovação”, avaliou o senador.
“Eu queria celebrar aqui o senhor Senador Izalci, um grande incentivador e promotor da ciência e tecnologia no País. Obrigado, Senador”, disse o secretário do MTCI.
É possível
O vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Emílio Salani, confirmou que negocia com o governo a possibilidade de produção de vacinas inativadas contra a covid-19 nas plantas industriais de imunizantes voltados à saúde animal. Ele explicou que há capacidade para se produzir o insumo IFA, num prazo de 90, considerando o recebimento das sementes, de dados dos laboratórios e outras adequações.
“Temos capacidade para produzir grandes volumes, hoje produzimos 220 milhões de vacinas para bovinos, bilhões para aves e milhões para suínos. Teremos reunião hoje à tarde para conversarmos com a Anvisa e outros órgãos para responder sobre todas essas questões”, informou.
O autor do requerimento para a discussão da possibilidade de produção de vacinas pela indústria farmacêutica veterinária, o senador Wellington Fagundes (PL/MT) lembrou que as maiores empresas filiadas ao Sindan tem capacidade de converter temporariamente suas gigantescas plantas para a produção de vacina contra a covid-19.
“O setor já opera sob os mais exigentes critérios de biossegurança e rastreabilidade da Organização Mundial da Saúde(OMS) e organismos internacionais. E é graças a esse trabalho que a pecuária brasileira é a número 1 do planeta”, salientou.
Também participaram da reunião José Guilherme Leal, Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e Thiago Fernandes da Costa, Coordenador de Insumos do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.
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